13 de novembro de 2010

Da escrita...



Escrever não é apenas gravar palavras. Escrever, até por vezes é menos em palavras o que a escrita permite que seja das palavras que urgem gritantes no pensar, sons tão rápidos que até chegarem braço afora aos dedos se perdem, por vezes, transmutam-se, modificam-se, desvanecem, torturam-se, mudam, transformam-se, modificam-se, até desaparecem das frases erigidas e que se pensam terminadas.
É uma vasta liberdade que vicia e a que se regressa com vontade de mais. Quem escreve por amar escrever não se sacia.

Um poema não são apenas empilhar frases de curtas palavras com ou sem métrica.
Poema é paixão gravada com gestos ou letras!
Poema é suspiro, arfar de respiração, rufar de tambores ou silencio e calma, tanto de placidez como raiva e sangue a jorrar por gritos ou carícias de luar na pele que por exemplo ferve desejo luxuriante e toque real de carne.

Escrever não é apenas desenhar letras ao correr da vontade. Escrever até é por vezes menos de querer do que no papel ou noutro qualquer lado seja o que for que fique gravado. Escrever por fácil que seja de tormenta ou dilúvio que jorre de palavras, é tanto de harmonioso e simples como de trabalhoso e suado. Aridez que seca nos lábios o devir da paixão. Nascente cristalina e fresca mas prenhe de esforço e transpiração.
Entre as facas que se espetam na garganta e as flores que jorram das mãos, escrever é uma aventura de sensações que delicia e extasia.
Um poema não é apenas um empilhar de palavras… poemas são escrita de alma.



Escrever pode ser fácil mas escrever é também uma tortura.
Escrever para nos libertar da angústia, escrever apaixonados, rabiscar dejectos, escrever quando estamos tão felizes que transbordamos, em suma, escrever porque existimos, sentimos e pensamos.
Escrevemos quando estamos possuídos pelos sentimentos, sejam quais forem, dentro ou fora do eu.
Quem escreve sabe-o, goste ou não, pois há quem escreva e não goste.
Então quem não gosta do que escreve que deite logo fora, pois é diferente de não gostar de ler o que escreveu.

O bom não tem que ser obrigatoriamente bonito!




2007

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