21 de outubro de 2010

O Som Que Teria





Pudera eu falar sem mexer os lábios, dizer sem conversar, pudera eu dar som ás minhas ideias no imediato momento de as pensar e ouvirias de mim conjuntos de letras em palavras, as palavras no meu peito, as palavras que, porque não as digo, são os desenhos dos gestos dos meus braços, nas mãos, na ponta dos meus dedos quando te afago.

Ouvirias o meu silêncio proferir as palavras, todas as palavras que mais querias escutar. Serias todo eu e eu, não te saberia, ficava inebriado e sem mim. Saberias pelo silêncio, tudo de mim, e eu seria um fraco.










Pudera eu falar ensurdecido com música, os sons de ti, com os olhos, os meus olhos cegos para te verem, surdos para te dizer uns quaisquer conjuntos de letras que seriam as minhas palavras, as palavras do meu peito, as palavras que, porque não as digo, são esboços, espelhos do meu sorriso, são esquissos do tanto que te sinto.

Ouviria o meu silêncio proferir as palavras, todas as palavras que mais queria escutar em ti. Seria todo tu e tu, não te saberias, ficarias talvez ébria de mim e eu, saberia, pelo silêncio, tudo que em mim não acho.


2010

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