7 de novembro de 2010

Algo sempre me acompanha



Do meu pensar, tanto o silêncio como o som me alimenta.
Dentro de mim, algo me acompanha… dentro de mim o rumorejar, o sopro, as vagas, a cadência descompassada das ideias teimosamente assimétricas, uma criatividade voraz, a recusa crónica dum pensamento comum, normalizado e banal. Que me sou de cor e melodias, sensações, cheiros, paladares e sentimentos. Que me sou de sons e movimento, e por vezes estou mudo e quedo, tantas vezes que estou tão vivo e o silêncio que detenho ou a face estranha que aparento não é mais que o aspecto do exterior que não sei, apenas a visão que os outros têm.
No meu pensar tanto posso estar a viajar mais que a terra fora do seu lugar como apenas a escutar um pouco de nada, o sopro da paz, tranquilo e sossegado, a pausa do rumorejar… dentro de mim tanto o silêncio como o som me alimenta, dentro de mim algo sempre me acompanha.

Dentro de mim só a terra dá o que a terra poderá levar pois ninguém, nem nada, é de alguém. Dentro de mim nunca degredo, exílio, banimento, dentro de mim nunca o esquecimento, apenas ausências. A falta de quem foi e não mais voltou, o desapontamento de quem falhou. Dentro de mim só o vento. Dentro de mim somente ele sopra o que não tenho sem nada me dar se por mim, sozinho, não obtenho.
Que me sou de cor e melodias, sensações, cheiros, paladares e sentimentos. Pois que sou de sons e movimento, do meu pensar, tanto o silêncio como o som me alimenta. O ar. Dentro de mim apenas o que nada me dá algo me poderá tirar. Dentro de mim só o mar.


2010

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